sábado, 19 de julho de 2014

ABRAÃO: EXEMPLO DE FÉ VERDADEIRA


Um dos elementos mais ausentes entre nós hoje é uma fé ativa, vital e envolvente – uma fé que acredita exatamente no que Deus diz em sua Palavra. O diabo não se importa muito com a frequência dos nossos tempos de jejum e oração, nem com a intensidade das nossas orações, contanto que nunca cheguemos a realmente crer que Deus fará o que estamos pedindo que ele faça. Vivemos num dia em que fé vital e envolvente está em decadência. Já dá para compreender melhor o que Jesus quis dizer quando declarou: “Quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lc 18.8).
A fé nos eleva à esfera em que Deus vive e age. Hoje, dá a impressão de que a maioria da nossa atividade religiosa não passa daquilo que pessoas treinadas, estudadas e intelectualmente capacitadas conseguiriam produzir. O elemento sobrenatural está faltando entre nós. As pessoas não veem nada além daquilo que o próprio homem consegue trazer ou realizar. Parece faltar-nos a fé que nos eleva à dimensão em que Deus age. Planejamos, elaboramos estratégias, trabalhamos, criticamos e conversamos com os outros sobre as dificuldades, ao invés de nos dedicarmos à verdadeira tarefa de orar e confiar em Deus para resolver as questões.
Neste tempo, em que a fé parece ter um papel tão insignificante na vida do cristão comum, é animador voltar para Romanos 4 e ler a respeito de um homem que não tinha outra saída, a não ser crer ativa e vigorosamente em Deus:
… mas também ao que é da fé que teve Abraão (porque Abraão é pai de todos nós, como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí), perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem. Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua descendência.
E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara, não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera. (Rm 4.16-21)
Se Abraão pôde ter tamanha fé naquela época, que tipo de fé devemos ter hoje, neste tempo atual da ação do Espírito Santo?

Sem saída – só pela fé
Em primeiro lugar, temos a natureza de sua fé (vv. 17-18). Depois de ter todas as portas naturais fechadas, Abraão ficou sem qualquer outra saída. Seus esforços, tentativas e manipulações da carne já haviam cessado. Seus olhos deixaram de focar causas, condições, consequências, provisões. Do seio desse próprio desespero, nasceu uma esperança sobre-humana por um filho sobrenatural.
A fé funciona melhor quando não há esperança natural. Enquanto se pensa que consegue se virar, manipular, promover, “mexer seus pauzinhos” ou convencer os outros, não haverá verdadeira fé. Enquanto se confia na própria capacidade, conhecimento ou eloquência para conseguir resultados, não haverá fé. Se houver uma mínima palha para prender a atenção dos olhos, a fé terá dificuldade para entrar em ação.
O gigante da fé, George Müller disse: “Lembre que a hora própria para a fé começar a funcionar é precisamente quando não tem mais capacidade para enxergar. Quanto maior a dificuldade, mais fácil é para a fé agir. Enquanto houver certa perspectiva natural, a fé não consegue agir tão facilmente quanto nas situações em que as possibilidades naturais deixarem de existir”.
Finalmente, quando atingiu a idade de 99 anos, com suas energias vitais enfraquecidas e esmorecidas, quando Sara aparentemente estava totalmente estéril, “sob circunstâncias totalmente impossíveis e desesperadoras, Abraão ainda creu com coração esperançoso”. Por quê? Porque ele cria num Deus que podia trazer vida da morte (um Deus de ressurreição) e que podia declarar como existente aquilo que ainda não tinha existência (um Deus de criação – Rm 4.17). Em outras palavras, seu Deus era maior do que os seus problemas ou dificuldades. E daí, se ele estava velho e Sara era estéril? Diante de um Deus como este, ele podia crer mesmo quando não havia fundamento algum para razão ou esperança natural.
E quanto ao nosso Deus hoje? Ele é maior do que nossos problemas, dificuldades, aflições e tristezas?

Fé baseada na Palavra de Deus
Em segundo lugar, ele tinha base firme para sua fé. Ele se fundamentava na palavra de Deus, na promessa que citara claramente “tua semente” ou descendência. Com fé inabalável, ele olhava para os fatos: sua própria impotência (ele tinha quase 100 anos de idade, estava com um pé na cova) e a aparente esterilidade de sua esposa Sara. Recusava-se a permitir que qualquer desconfiança sobre aquilo que Deus lhe dissera claramente o fizesse vacilar.
Ele tirou força dessa fé e, enquanto dava glória a Deus, permaneceu absolutamente convicto de que Deus era capaz de realizar sua própria promessa (Rm 4.19-21). Leia e releia essa passagem até que a verdade nela se torne parte da própria urdidura e trama de sua alma. Ele confiava na promessa de Deus que dizia explicitamente “tua descendência”. Essa era a base de sua fé e esperança.
A fé, para ser real e dinâmica, precisa ter uma base objetiva, uma garantia na qual possa operar. Não podemos crer simplesmente porque queremos nos obrigar a acreditar em alguma coisa. Isso não seria fé, seria credulidade ingênua. Seria uma questão de fazer de conta. É nesse ponto que muitos perdem o rumo. Baseiam sua fé numa emoção ou visão, mas não na palavra de Deus. A fé precisa ter um fundamento. Qual é o fundamento de uma fé inteligente, verdadeira? A palavra de Deus.
“Portanto, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo” (Rm 10.17). A fé que é edificada sobre a palavra de Deus é uma fé inteligente, uma fé que receberá o que está pedindo. Para fazer uma oração de fé, então, devemos estudar a Palavra de Deus, descobrir o que ele prometeu, manter isso bem firme na nossa mente e aproximar-nos de Deus para pedir aquilo que ele prometeu.
George Müller, o grande homem de oração e fé, pesquisava as Escrituras durante vários dias até encontrar a promessa na Palavra que se adequasse à necessidade do momento. Depois, ele se colocava de joelhos com a Bíblia aberta, marcava com o dedo o texto que continha a promessa e o levantava diante de Deus, enquanto suplicava: “Agora, Senhor, cumpre o que prometeste”. Ele tinha um fundamento firme para sustentar sua fé confiante.

Fé quando tudo parece contrário
Em terceiro lugar, vemos a atividade da fé de Abraão: “… esperando contra a esperança, creu”; ou, em outras palavras: “aquele que, diante de circunstâncias totalmente impossíveis, creu com expectativa”. Ou seja, diante de todos os argumentos do bom senso, da razão, da experiência, do sentimento, da opinião de outros, de todas as possibilidades humanas, em oposição a todas as incitações ou persuasões, ele creu com esperança. A verdadeira fé, por vezes, é contrária ao bom senso, à razão e à experiência.
Se você duvida disso, estude a fé de Noé enquanto construía a Arca (Hb 11.7); a fé de Josué quando ordenou que os sacerdotes entrassem no rio Jordão que transbordava (Js 3.8) ou quando marcharam em volta dos muros de Jericó ao invés de levar instrumentos de guerra (Js 6.3).
Nossa dificuldade, hoje, é que estamos tão cheios de bom senso, razão e experiência, que não conseguimos nos arriscar e confiar em Deus para realizar o que nossa limitada razão, inteligência e experiência não conseguem aceitar. Assim, continuamos promovendo, manipulando, dando um jeito, “mexendo nossos pauzinhos” ou tentando convencer, dependendo do nosso treinamento, conhecimento, habilidade ou eloquência.
Essa admirável fé de Abraão, descrita em Romanos 4, foi baseada naquilo que Deus havia dito (Gn 15.1-5). Foi por isso que ousou crer no meio de total impossibilidade e desespero, acreditando naquilo que foi prometido para despertar sua esperança. Sua fé tinha o fundamento da Palavra de Deus. Ele confiava numa Pessoa. Não era fé humana, confiança em alguma ideia ou estratégia. Sua fé estava firmada em Deus, aquele que o levara para fora da tenda, debaixo das estrelas, para dizer-lhe que sua descendência seria como as estrelas do céu. Deus falava disso como se já tivesse acontecido, pois não havia dúvida de que realmente aconteceria.
As coisas que Deus promete serão cumpridas tão certamente que ele se refere a elas como se já existissem! Por isso, Abraão podia ter confiança total em sua causa e no curso de sua vida. Poderia levar anos para se tornar realidade, porém a fé considera as coisas como se já tivessem se realizado. Na verdade, levou 26 anos para acontecerem.
“E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta…”. Sua fé nunca vacilou. Sua fé considerava os fatos, pois a fé não fecha os olhos para a realidade, não procura evaporar as dificuldades por piamente ignorá-las, não minimiza as dificuldades. O que ela faz é engrandecer, maximizar o poder de Deus.
Ele olhou para si mesmo e para Sara e viu a impossibilidade em ambos. Ao mesmo tempo, olhava na outra direção, para o Deus da criação e da ressurreição que havia prometido a criança. Bom senso, razão natural e experiência diziam: “É impossível, não pode acontecer”. A fé, entretanto, dizia: “Tanto pode, como vai acontecer!”
Portanto, Abraão “não duvidou [não vacilou, não desabou] por incredulidade… mas, pela fé, se fortaleceu”. A palavra traduzida “duvidar” significa “discriminar, aprender ou decidir por discriminação, disputar ou contender interiormente, estar em conflito consigo mesmo, hesitar, duvidar”. Porém, Abraão não hesitou nem contendeu interiormente, por falta de fé. Não houve incertezas, tentativas de achar o equilíbrio interior, lutas por incredulidade.
Tendo já se comprometido com a promessa de Deus que era totalmente além de qualquer possibilidade humana, ele continuou firme, sem cambalear, fraquejar, vacilar ou hesitar. Abraão não entrou em disputa consigo mesmo, não parou para debater interiormente, não hesitou nem tropeçou na promessa; pelo contrário, por um ato resoluto e definitivo de sua vontade, com ousadia santa, ele aventurou tudo o que tinha para crer na promessa.
Isso produziu o resultado duplo de trazer glória a Deus, em quem depositara sua confiança, e de torná-lo cada vez mais forte na fé. Ou seja, a fé lhe deu resistência e fibra espiritual. Quanto mais tempo ele esperava, mais forte sua fé se tornava. Geralmente, as circunstâncias, dificuldades e racionalizações tendem a nos enfraquecer. Pedro vacilou e afundou-se na água. Mas Jesus lhe disse: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?” (Mt 14.31).
A fé de Abraão injetou vigor no seu entendimento, no seu discernimento, no seu afeto e na sua vontade. A fé cresce por meio de experiência e prática.
Os dois irmãos, John e Charles Wesley, estavam conversando, certa ocasião, sobre um importante projeto que ambos desejavam realizar, mas que Charles achava inatingível. John discordava, achando que era possível realizar e que deveriam tentar. No fim, Charles disse: “Quando Deus me der asas, voarei”. John respondeu: “Quando Deus me mandar voar, confiarei nele para me dar asas!”
“Estando plenamente convicto de que ele era poderoso para cumprir o que prometera”, ou seja, estando inteira e totalmente persuadido, ele aventurou tudo na palavra de Deus. É uma segurança plena de que Deus fará o que prometeu. Não depende de sentimentos, de alguma emoção, êxtase ou visão, mas de confiança naquilo que Deus prometeu. É crer sem hesitação ou reserva.
Nossas dúvidas surgem principalmente da nossa desconfiança do poder divino, de não levar Deus a sério em tudo o que ele promete. Devemos abrir nosso coração diante de Deus, trazer à luz a incredulidade que nos rouba as coisas que Deus quer que obtenhamos. A fé transcende limitações humanas e nos conecta intimamente com Deus.

Por:  H. C. Van Wormer


FONTE:


MÚSICA 'RARIDADE'

Boa tarde, pessoal! Hoje, trouxe uma linda música para vocês. Um abraço e até mais!