Eu, porém, vos digo: Amai a vossos
inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem.
Mateus 4. 44
O texto de Mateus 5. 38-48 apresenta uma atitude de
verdadeira abnegação em favor dos inimigos: ao que lhe bater em um lado da face,
ofereça-lhe também o outro; ao que pleitear por algo, declare-o vencedor; dê
auxílio a quem peça; bendiga os que o maldizem; faça bem aos que o odeiam; ore
pelos que o maltratam e perseguem.
Segundo muitos comentaristas, esse conceito de amar os inimigos não é encontrado em qualquer
outro livro religioso dos mais diversos povos e nações. O nosso Deus, ao
estabelecer esse modo de proceder para Seus filhos, queria que nós, por atos
como esse, nos assemelhássemos a Ele. Se realmente existe um só Deus e se nós
somos o povo escolhido por Ele, não é de admirar que Ele queira fazer que em nós
exista a diferença que deve existir entre o santo e o imundo, entre aquele que
Lhe serve e aquele que O rejeita. Ele quer que realmente sejamos à Sua imagem e
semelhança.
CONTEXTO HISTÓRICO
A época em que Jesus pregou essa mensagem era muito
difícil. O povo judeu encontrava-se politicamente cativo pelos romanos;
portanto, estes eram seus maiores inimigos. Havia influência de várias culturas
(grega e romana, dentre outras), o que gerava a introdução de novas formas de
pensar e de ver a vida, afetando, inclusive, a interpretação da Lei
mosáica.
A Lei
dizia: Amarás o teu próximo a como a ti mesmo (Lv 19. 18). Mas, quer
por inserção dos escribas quando das cópias que faziam da Lei, quer por
interpretação dos fariseus (religiosos da época), o mandamento era completo da
seguinte forma: e aborrecerás o teu inimigo (Mt 5. 43). Ora, essa
orientação não vinha de Deus, não constava na Lei; era uma ação diabólica para
manter o povo preso a uma religiosidade que não levava a nada, que não gerava
vida, pois sem o cumprimento do mandamento do amor é impossível andar com
Deus.
Repare que o
texto não diz: "está escrito", o que nos levaria à Lei. Antes, Jesus
diz: Ouviste que foi dito (Mt 5. 43). Aquelas palavra (e
aborrecerás o teu inimigo) eram ditas pelo povo como se fossem ordenanças
de Deus. Então o Senhor Jesus, magestosamente, traz aquela mentira à tona;
desmascara Satanás, que penetra sorrateiramente entre o povo de Deus,
disseminando suas falsas doutrinas.
Hoje, infelizmente, o mesmo tem acontecido. Há quem não
concorde com certas declarações da Palavra e, por isso, começa a criar frases
que agradam às pessoas que se acercam delas. Com o passar do tempo, essas frases
são aceitas como se fossem parte da Palavra. Mas são apenas tradições que nada
tem a ver com a Verdade.
O inimigo continua usando a mesma tática nos dias de
hoje. Às vezes, as pressões são tantas que muitos filhos de Deus se desesperam
e começam a tomar atitudes contrárias às orientações da Palavra. É preciso ter
muito cuidado, pois os fins jamais justificarão os
meios.
Na Idade
Média, a Igreja Católoica, quando precisava de fundos para suas obras, usava o
instituto da venda de indulgências, de maneira que as pessoas que fizessem
elevadas doações compravam antecipadamente o perdão para os pecados que viessem
a praticar posteriormente, bem como pelos já praticados. Hoje, há líderes que, no desespero de conseguir comprar
alguma coisa ou de realizar alguma obra, orientam o povo a que se sacrifique,
tirando como exemplo os sacrifícios do Antigo Testamento. De modo criminoso,
eles passam por cima das declarações da Palavra de que as bênçãos nos são dadas
gratuitamente pela fé. Contra essas aberrações, a Sagrada Escritura nos
orienta:
Mas o
Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de
demônios.
I Timóteo
4. 1
Voltando aos
tempos de Jesus, vemos que, naqueles dias, ouvir que era preciso amar os
inimigos era como receber uma punhalada pelas costas. "Amar um romano!
Impossível!"
Havia
revolta pela opressão política; além disso, não podemos nos esquecer de que o
judeu, historicamente, era um povo que havia sido um grande conquistador (nos
tempos do Antigo Testamento) e, por isso, não estava acostumado a mar os
inimigos - traduzidos por qualquer pessoa que não fosse judia. Para um judeu, o
próximo da Lei referia-se a um outro judeu, jamais a um gentio (aquele que
pertencia à outra nação qualquer).
Se Jesus havia atingido aos falsos religiosos da época ao
dizer para amarem os inimigos, agora, com aquela ordem para orar pelos
perseguidores Ele atingia diretaamente os cristãos, pois estes eram os mais
perseguidores, não só pelo judaísmo como também pelos romanos. Estava dizendo ao
Seu povo que teriam de orar por aqueles que já os perseguiam por causa do
cristianismo.
Nos
dias do ministério terreno do Senhor Jesus, as autoridades judaicas estavam
decididas a punir qualquer pessoa que declarasse Jesus como o Cristo. Tal fato
pode ser claramente visto na passagem em que o cego de nascença foi curado pelo
Senhor Jesus.
Os
judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego e que agora visse, enquanto
não chamaram os pais do que agora via. E perguntaram-lhes, dizendo: É este o
vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora? Seus pais
responderam e disseram-lhes: Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego,
mas como agora vê não sabemos; ou quem lhe tenha aberto os olhos não sabemos;
tem idade; perguntai-lho a ele mesmo, e ele falará por si mesmo. Seus pais
disseram isso, porque temiam os judeus, porquanto já os judeus tinham resolvido
que, se alguém confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da
sinagoga.
João 9.
18-22
Mais tarde,
essa perseguição tornou-se muito mais intensa, levando milhares de cristãos às
arenas, para serem devorados por leões ou queimados vivos como espetáculo ao
povo e ao império.
Muito bem, podemos assim imaginar quão difícil foi aos
primeiros discípulos (eles eram judeus) aceitar aquela mensagem do Senhor Jesus;
mas e hoje, como ela tem sido vivenciada pelo povo de Deus?
Para
meditar...
FONTE:
http://frutodoespirito9.blogspot.com/
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